O Primeiro e Último Raio de Sol de Carpina
O primeiro raio de sol que surge na cidade de Carpina é Raiane. Enquanto a maioria dos estudantes ainda está dormindo, a rotina cansativa da universitária começa. Ela se levanta às 4 horas da manhã e se prepara para mais um dia de migração pendular, ou seja, a jovem desloca-se diariamente de sua cidade para a capital pernambucana com o objetivo de continuar seu sonho: a graduação em Jornalismo.
Ela se arruma com pressa, pois tempo é uma coisa preciosa para alguém que passa bem mais da metade do dia fora de casa. Às 5 horas já está no ponto de ônibus que é disponibilizado pela prefeitura da sua cidade para acadêmicos que estudam no Recife. As condições não são boas, são muitos estudantes para poucos assentos. O jeito é ir em pé, segurando em algum suporte do ônibus e cochilando para aliviar o sono que não foi regulado com as poucas horas que dormiu.
A estudante chega à Universidade Federal de Pernambuco por volta das 7h20 e aproveita os 40 minutos para comer algo, pois às 8 horas já começa seu expediente como estagiária na Assessoria de Comunicação da universidade (ASCOM), na qual produz textos informativos e realiza entrevistas.
A escrita nem sempre foi sua única paixão. Raiane também desenhava modelos de vestidos desde o ensino médio, além de escrever. Hoje, ela cursa Jornalismo, mas devido a sua curiosidade pelos desenhos, já ingressou anos atrás em uma das faculdades mais disputadas: arquitetura. O curso é extenso, pesado e com muitas disciplinas, o que levou Raiane a migrar sua atenção para o Jornalismo. Sua afinidade com o papel e a caneta foi sempre evidente, seja para desenhar ou para escrever, mas foi montando textos que a estudante se viu realizada.
Logo após o estágio, a fome aperta e Raiane precisa almoçar antes de começar a assistir às aulas. Depois disso, são, normalmente, 4 horas de conteúdo teórico e prático das disciplinas ofertadas pelo curso. Talvez às vezes ela se distraia nas aulas pensando na volta para casa, pois depois de um dia cansativo de trabalho e estudo, seu único desejo é um simples assento no ônibus. As aulas encerram geralmente 10 minutos antes da saída do transporte intermunicipal que levará Raiane para casa. Os alunos veem a colega saindo e talvez se perguntem “Pra que tanta pressa?” A resposta pode ser banal para quem não tem a mesma rotina da estudante, mas é só por causa de um assento de ônibus que raramente ela consegue.
A volta se torna ainda mais cansativa e demorada por causa do trânsito no horário de pico. A universitária chega em casa geralmente às 9 horas da noite, exausta e sem forças para ler qualquer material da aula. Raiane toma banho, come, e se houver alguma atividade urgente que não possa realizar no fim de semana, ela passa a madrugada fazendo. Às vezes o último raio de sol a desaparecer em Carpina também é ela. Seu nome, Raiane, significa Raio de Sol.
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